Não teve adesão e nem independência!

A anexação da Amazônia pelo Império do Brasil em 1823, há 198 anos, marca de fato a ruptura política formal com a metrópole portuguesa, mas esse fato não deve ser comemorado como uma independência do Grão-Pará das amarras da ordem colonial imposta por Portugal, pois sabemos que a anexação, da forma como aconteceu, teve consequências e implicações trágicas como:


• A ordem social e econômica pouco mudou e os portugueses permaneceram no topo da sociedade local com a proteção do Império até a Cabanagem enquanto as condições de vida da população pobre pioravam; 

• Houve crescimento das revoltas populares e da violência repressiva (que teve seu ápice no genocídio da Cabanagem)

• Dividida e enfraquecida, a Amazônia caiu numa relação de dependência econômica e comercial com o sudeste que comprometeu severamente o desenvolvimento regional; 

• A Amazônia se tornou uma região à margem da sociedade nacional que passou a estar a mercê dos nocivos projetos nacionais de integração e (sub)desenvolvimento. 


Ou seja, a Amazônia deixou de ser o quintal de Portugal para se tornar o quintal do Brasil; apenas houve uma troca de metrópoles, de Lisboa para o Rio de Janeiro. Contudo, a imposição da nova ordem provocou o aumento da violência política e a renovação da relação de dependência e subalternidade. 


Refletimos todo ano sobre esta data, 15 de Agosto, porque a nossa luta também é pelo reavivamento e fortalecimento da nossa memória histórica e para fomentar a reflexão crítica sobre o nosso passado até que seja de conhecimento comum o que significa de verdade fazer parte do Brasil e o quanto nos sacrificamos e nos prejudicamos para isso.


Um dia todos entenderão que uma das faces do colonialismo interno brasileiro foi o silenciamento da nossa história, pois um povo sem história não conhece e nem reconhece a si mesmo como um povo, podendo assim estar a mercê de um projeto de nação alienante.


Categoria:Movimentos

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