Censo 2022 conta 97.320 indígenas em Roraima

População indígena tem aumento de 74% em 12 anos e já representa 15% do total populacional do estado; Raposa Serra do Sol é a terra indígena mais habitada.

Na manhã desta segunda-feira, dia 7 de agosto, o IBGE divulgou os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022 em terras indígenas, em evento realizado no Theatro da Paz, em Belém, capital do Pará. E o estado de Roraima foi um dos destaques da atração.

Com 97.320 indígenas, Roraima tem a quinta maior população indígena do país, atrás apenas de Amazonas (490.854), Bahia (229.103), Mato Grosso do Sul (116.346) e Pernambuco (106.634). Juntos, os estados citados concentram 61,43% da população indígena brasileira, que é de 1.693.535.

Quando se compara a proporção de pessoas indígenas em 2022 entre as 27 Unidades da Federação, Roraima volta a ser destaque, por ter 15,29% da sua população indígena, à frente do Amazonas (12,45%), Mato Grosso do Sul (4,22%), Acre (3,82%) e Bahia (1,62%). Esse ranking se mantém em relação àquele apresentado pelo Censo de 2010, com exceção da quinta posição, que era ocupada pelo Mato Grosso, com 1,70% de sua população indígena, e em 2022, passou a ser ocupado pela Bahia.

Em Roraima, a população indígena aumentou 74,02% em 12 anos, saltando de 55.922 (2010) para 97.320 (2022). Do conjunto de indígenas de Roraima, 71.412 (73,38%) residem em terras indígenas e 25.908 (26,62%) fora delas.

Das 32 terras indígenas do estado, a Raposa Serra do Sol lidera com 26.176 indígenas, seguida dos Yanomami, com 16.872, e São Marcos, com 10.328. No Brasil, a terra indígena Yanomami continua sendo a maior em população – com 27.152, presentes em Roraima (16.872) e no Amazonas (10.280) – e em área – são 9,5 milhões de hectares, o que corresponde, aproximadamente, às áreas dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo somadas.

A análise da presença de população indígena pelo recorte de Município mostra que dos 5.568 municípios brasileiros, 4.832 têm presença indígena. Em Roraima, não só os 15 municípios têm população indígena, como todos tiveram aumento populacional indígena entre 2010 e 2022. No Brasil, apenas Roraima e Acre tiveram aumento no total de pessoas indígenas em 100% dos seus municípios.

Capital de Roraima, Boa Vista é o oitavo município do país e o primeiro do estado com maior quantitativo de pessoas indígenas, com 20.410. Já Uiramutã – cidade situada ao norte de Roraima, no ponto mais setentrional do Brasil – tem 96,60% de sua população composta de indígenas e lidera ranking nacional nesse quesito, seguida de duas cidades amazonenses: Santa Isabel do Rio Negro, com 96,17%, e São Gabriel da Cachoeira, com 93,17%.

Desafios da operação censitária em Roraima

Percurso de 12 horas por trilhas no meio da mata fechada e regiões montanhosas, longas viagens de barco e 90% dos locais acessíveis apenas por aviões de pequeno porte ou helicópteros, enfrentando os riscos inerentes às localidades. O cenário descrito podia fazer parte da sinopse de alguma série de aventura, mas nada mais é do que a realidade que recenseadores do IBGE enfrentaram na coleta de dados do Censo Demográfico 2022 nas terras indígenas do estado de Roraima.

Diante de tamanho desafio, a Superintendência Estadual do IBGE em Roraima promoveu o planejamento do Censo de forma participativa, fazendo consultas, ações de sensibilização para a importância da coleta e reuniões de abordagem, sempre ouvindo lideranças indígenas e outros atores envolvidos no processo.

A equipe que fez parte da operação nas terras indígenas participou de diversos treinamentos e contou com apoio de guias e intérpretes. Em Roraima, 40 dos 70 recenseadores envolvidos especificamente nessa coleta eram indígenas. Outros 19 estados também contaram com, ao menos, um recenseador indígena: AC, BA, CE, AM, AP, ES, GO, MA, MT, MS, PA, PB, PE, PI, RN, RO, RS, SC e TO.

Além das terras indígenas do estado de Roraima, houve coleta também nos abrigos que acolhem indígenas em situação de vulnerabilidade e nas ocupações espontâneas, em ação coordenada com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O IBGE contou ainda com outros importantes parceiros no recenseamento da população indígena, como os Distritos Sanitários Especiais Indígenas Leste e Yanomami, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), o governo federal por meio do Ministério do Planejamento e Orçamento que, para atualização do Censo em território Yanomami, coordenou o apoio de mais quatro ministérios: Povos Indígenas, Justiça e Segurança Pública, Defesa e Saúde, o governo estadual, a Assembleia Legislativa, as prefeituras dos 15 municípios de Roraima, as câmaras municipais e organizações não-governamentais, além das agências das Organizações das Nações Unidas (ONU) presentes em Roraima.

Terras indígenas em Roraima

Crescimento da população indígena (%)

Ananás – 14 (Censo 2010); 26 (Censo 2022) – 85,71%

Anaro – 39 (2010); 52 (2022) – 33,33%

Aningal – 208 (2010); 264 (2022) – 26,92%

Anta – 99 (2010); 160 (2022) – 61,62%

Araçá – 1.043 (2010); 2.289 (2022) – 119,46%

Barata Livramento – 665 (2010); 820 (2022) – 23,31%

Bom Jesus – 97 (2010); 50 (2022) – -48,45%

Boqueirão – 459 (2010); 466 (2022) – 1,53%

Cajueiro – 112 (2010); 234 (2022) – 108,93%

Canauanim – 832 (2010); 1.169 (2022) – 40,50%

Jabuti – 307 (2010); 450 (2022) – 46,58%

Jacamim – 1.518 (2010); 1.174 (2022) – -22,66%

Malacacheta – 774 (2010); 1.156 (2022) – 49,35%

Mangueira – 80 (2010); 113 (2022) – 41,25%

Manoa/Pium – 1.999 (2010); 2.695 (2022) – 34,82%

Moskow – 559 (2010); 839 (2022) – 50,09%

Muriru – 154 (2010); 214 (2022) – 38,96%

Ouro – 179 (2010); 290 (2022) – 62,01%

Pium – 305 (2010); 379 (2022) – 24,26%

Ponta da Serra – 168 (2010); 300 (2022) – 78,57%

Raimundão – 351 (2010); 545 (2022) – 55,27%

R. Serra do Sol – 17.102 (2010); 26.176 (2022) – 53,06%

Santa Inez – 157 (2010); 229 (2022) – 45,86%

São Marcos – 4.945 (2010); 10.328 (2022) – 108,86%

Serra da Moça – 477 (2010); 676 (2022) – 41,72%

Sucuba – 212 (2010); 448 (2022) – 111,32%

Tabalascada – 546 (2010); 961 (2022) – 76,01%

Trombetas/Mapuera – 425 (2010); 582 (2022) – 36,94%

Truaru – 354 (2010); 430 (2022) – 21,47%

Waimiri-Atroari – 441 (2010); 525 (2022) – 19,05%

Waiwái – 289 (2010); 500 (2022) – 73,01%

Yanomami – 11.598 (2010); 16.872 (2022) – 45,47%

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